Muito desafiador, introspectivo, barulhento, variado, poético, delicado, subtil, misterioso

Tanto Quanto é um livro quadrilingue, com o inglês ao megafone, com o francês em voz interior, com o espanhol, quiçá, entre um e outro, e o português, talvez, para lá dos três. Quatro textos em diferentes idiomas correm em paralelo, sem nunca se encontrarem senão nos pontos em que cada leitor, com a força da sua mente – desejavelmente, inevitavelmente ou distraidamente –  quiser ou puder encontrar, ou neles tropeçar. Mas o desencontro é aqui muito bem vindo, como motor potente, para aguentar viagens com destino ao espanto, aguentado a passagem pela estranheza. E porque, afinal, é nele que reside a possibilidade de reencontro: do leitor com o livro, do leitor com o texto, do leitor com a ilustração, do leitor consigo mesmo.

Na voz de quem o viu, leu e analisou:

“Testemunha o respeito e o gosto pela variedade e, até mesmo, pela transfiguração linguística. O recurso a quatro idiomas distintos e a uma paleta de cores marcada pela diversidade e pelo contraste fazem deste livro um objeto “ambicioso” do ponto de vista das suas possibilidades recetivas. Muito desafiador e nada “apaziguador” – porque exige e reclama que o leitor leia, releia, saia e regresse ao seu “miolo”, as palavras e as ilustrações deste volume materializam temáticas sem idade preferencial”.

Sara Reis da Silva, professora, investigadora.
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“Livro/happening: nada mais do que espelhos da própria subjetividade dos leitores. O caráter experimental, fragmentário e a consequente abertura à interpretação constituem marcas que parecem manter o livro entre o particular e o universal da experiência humana de contar histórias. E esta experiência tanto ocorre num momento de introspeção, quanto no meio da maior algazarra, tanto acontece na infância saltitante e inconstante, quanto nos episódios de vida do adulto. ”

Madalena Victorino, programadora
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“Sei muito bem que as ilustrações de Gémeo Luís têm vontade própria, que se bastam na sua capacidade de contar histórias. Mas têm uma qualidade ainda mais especial, a comunhão perfeita das suas visões com os textos poéticos de Eugénio Roda.
As imagens surgem aqui cúmplices de uma delicadeza frágil, intocável, desta história universal de fazer histórias. As suas silhuetas eclodem, quase impossíveis, da subtileza do texto, acrescentando nova camada de mistério à história.
Um belíssimo livro, de uma intensa sensibilidade, que só lendo e vendo os sentidos conseguem penetrar.”

João Vaz de Carvalho
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“Ce livre, si on le prenait dans les mains sans raison particulière. Sans se poser la moindre question. Sans les « pourquoi ? », les «est-ce que ça fini bien ? » ou « y a-t-il des gentils, des méchants ? ».
Juste pour passer un moment d’histoire ensemble. Juste pour être bien, comme lorsqu’on se réfugie dans une vielle grange pour échapper à l’orage. On est un peu trempé, mais qu’est-ce qu’on est heureux ici, à regarder la pluie dehors. Et on trouve que c’est beau la pluie, que ça sent bon.
Ce livre est pour ceux, qui trouvent sans chercher. Qui n’attendent rien, et à qui tout arrive. Qui se contentent de petites choses, et sont rois du monde sans le savoir.
Les images de Luis Gemeo, tout en ombres découpées dans le mystère, illustrent à merveille ce monde suspendu quelque part dans un lieu secret, mais pourtant si proche…”

Joana Consejo
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“Luis Mendonca’s, ‘Gemeoluis’, most recent work, is a book entitled ‘To all places where stories have time’. It is a short book, and is designed to be read as double page spreads. On one side is a provocative abstract statement in English, his native Portuguese, and French. Each statement informs the stark black silhouette cut out illustration opposite.
The artwork is executed in Luis’’s customary style, and is both referentially retro and elegant at the same time. It has the immediate impact of Saul Bass, and a deeper, sinister, nightmarish quality that is found in the Hans Christian Anderson cut outs that accompany his fairy tales.
Neither illustration or statement exist autonomously, and the reader constantly flits from one side of the spread to the next, in doing so, seemingly revealing the multiple layers of the story. Having partially understood the relationship between text and illustration, the desire to continue the narrative thread by turning the page, provides no let up to the mental fabrication we are urged to unweave. At the end of the book, one is left, as one should be left with all good books, with a desire to read it over again.”

David Edgell
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“Luis Gemeo obra con sus manos a la manera platónica; proyecta sobre la superficie del papel las sombras de la realidad confiriendoles el valor de la representación para mostrar la significancia del mundo percibido a través de los sentidos. Separando la luz de la sombra mediante el contraste puro del blanco y negro, logra rescatar la esencia de las cosas eliminando la retórica de lo superfluo, o lo que es lo mismo, consigue separar lo aparente de lo permanente y de convertir la sombra de la representación en la idea que la sustenta. Para Luis Gemeo el dibujo es solo el fantasma de una cosa, no es un sujeto, es una idea.”

Isidro Ferrer