Laus imaginationi

Este livro foi escrito com as palavras a saltar, irrequietas, do português para o espanhol. Eugénio Roda ensaiou textos a partir de ilustrações pré-existentes de Gémeo Luís, escrevendo pequenas narrativas e outros textos-fragmento «em direção àquilo que queria escrever sem ainda saber como nem para onde, histórias que não sabia se queria contar, se preferia que fossem contadas por quem lesse apenas o princípio, o meio ou o fim de qualquer uma delas». O livro começou a andar com imagens e textos ao colo para embalar as histórias, com a direção de arte e o design – de Luís Mendonça – a pedirem ao escritor e ao ilustrador para somar, subtrair, dividir e multiplicar mais isto ou mais aquilo, mais uma ou outra ilustração, mais um ou outro texto. Nada muito diferente daquilo que é habitual nos livros da dupla, principalmente naqueles em que o fragmento é ainda mais fragmentário, sem passar pleonasmos. E foram passados bons momentos em atelier, parte deles em companhia de um amigo, Anxo Tarrio-Varela, que ajudou a passar (na clandestinidade própria das traduções mesmo em tempo de liberdade) palavras portuguesas para o outro lado da fronteira e escreveu o texto da contracapa do livro:

“Me lo he pasado muy bien leyendo y mirando este original libro de Eugénio Roda y Gémeo Luis. Seguramente Julio Cortázar, el Julio Cortázar de Rayuela o de “El manuscrito hallado en un bolsillo”, disfrutaría con este juego de Eugénio y Gémeo, tan próximo, con su desenfado y mirada poco convencional, al mejor narrador de historias y de perplejida- des que parió Argentina. Y tan próximo también a François Le Lionnais, autor del texto literario más breve que se conoce y que él tituló en 1957 Reducción de un poema a una sola letra: T. Pero será en la infancia donde mejor colaboración encontrarán tanto el texto de Eugénio Roda para contarse a sí mismo como las ilustraciones de Gémeo Luis para asegurarse una interpretación adecuada, es decir, mágica, pues, como define el lúdico elucidario: magia es «lo que más necesita de nosotros para suceder», y eso es patrimonio de los niños y de las niñas. También de los niños y niñas grandes, por supuesto, pues, como dice el texto: «este es un libro para usar, para hablar con él. Es un pequeño almacen, un juego de palabras, un objeto para todas las edades. Para leer hablando con toda la família». Laus imaginationi”.
.

UM VERDADERO «ARTEXTO»

Dora Batalim refere-se ao livro, anotando que entre os textos e as imagens: “A enorme poesia de Eugénio Roda tem espelho perfeito nas imagens de Gémeo Luís que sintetiza ideias e momentos evocados pelo texto em formas que, em vez de se fecharem, ampliam os sentidos e acrescentam outros”. A investigadora Blanca-Ana Roig Rechou considera que o livro responde: “á perfección á conjunción texto-imagem como um verdadeiro “artexto”, é dicir un produto que ofrece unha leitura visual e textual complementaria sem renunciar ás características singulares de cada narrativa”. Ana Paula Guimarães, Instituto de Estudos de Literatura Tradicional da Universidade Nova diz que o seu interesse neste livro “tem a ver com a subtileza da relação entre grande e pequeno, adulto e criança, característica da literatura tradicional abrangendo, desde sempre, todas as idades e atingindo, de formas diversas, públicos heterogéneos“.