O Quê, com Quem, com Quê, para Quem, para Quê

O livro O Quê Que Quem é um «dicionário familiar» para andar lá em casa (ou fora dela) de mão em mão – entre tios, sobrinhos, filhos, pais, avós, primos, padrinhos – à procura da melhor definição. Cristina Taquelim considera o livro “o primeiro projeto de design gráfico com arrojo, na edição portuguesa” e concebeu a partir dele uma oficina “Dizeres de Poeta” no âmbito do SOL – Serviço de Orientação da Leitura, na Casa da Leitura. «Dizeres de Poeta» é uma oficina para grupos de leitores iniciais a partir do segundo ano do Ciclo Básico que constrói “um jogo que acrescenta múltiplos sentidos às palavras”.
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DIZERES DE POETA
A partir de O Quê Que Quem, de Eugénio Roda e Gémeo Luís, de um dicionário, constrói-se um jogo que acrescenta múltiplos sentidos às palavras.
MATERIAL:
– Vários exemplares, se possível, de O quê Que Quem. Dicionário. Quadro para escrever para grande grupo. Participantes: até 25 crianças. Tempo: pode ir até 50 minutos. Palavra-chave: metáfora
INTRODUÇÃO:
– Bonito este livro e com um formato tão diferente! Este livro foi escrito pelo Eugénio Roda e ilustrado pelo Gémeo Luís. Qual é o seu título? “O quê que quem”. Às vezes os títulos dos livros guardam o segredo do próprio livro e assim que o recebemos na nossa mão, podemos logo começar a pensar sobre os quês e os porquês desse título. Um livro com o título assim será um livro sobre o quê? Induzir em que circunstâncias se usam as expressões: “O quê?“ / “Que?“ / “Quem ?” – Vamos ver a ilustração da capa. Exploração da imagem na busca de associações com as perguntas que o título propõe. Chamar a atenção para a delicadeza da mesma: os recortes, os sombreados, a utilização do preto e do branco, do contraste entre a mancha negra e o fundo branco.
INTRODUÇÃO 1:
– Mas temos aqui outro livro bem diferente do primeiro. É mostrado o dicionário e conversam sobre a sua função. – Sempre que usamos uma palavra precisamos consultar o dicionário? – há palavras que usamos tantas vezes que sabemos, do uso que fazemos todos os dias, qual o seu significado.
– Vamos lá ver a primeira palavra do livro: “Primo” – O que é um primo? As crianças verbalizam como definiriam a palavra e faz-se o registo do que disseram. De seguida buscam no dicionário e comparam com a sua definição. – Agora vamos ler o que disse o poeta.
CRIANÇAS:
Reflectem sobre as semelhanças e diferenças entre a linguagem do quotidiano, o rigor do dicionário e a delicadeza, humor ou surpresa das palavras do poeta: o poeta acrescenta significado. O procedimento utiliza-se em todas as palavras…. e as definições infantis dão origem um novo livro. Reflecte-se também sobre a ilustração: procurando os detalhes, o contraste branco/negro, a delicadeza do traço, relacionando elementos, vendo o que a ilustração conta e que não está no texto. Este trabalho pode ser feito a partir do exemplar que está nas mãos do mediador ou, no caso de existirem vários exemplares do mesmo título, podem formar-se pares de crianças, criando uma maior proximidade com o objecto.
FECHO:
Termina-se com uma proposta de leitura em voz alta em que cada criança lê uma frase. Esta leitura pode ser feita sobre um fundo musical ou ter outras variantes. Feita em pares, esta leitura pode ter por condição que a primeira criança leia a palavra marcando cada sílaba e a segunda lê a definição do poeta.
OBSERVAÇÕES:
É curioso notar que à medida que as crianças vão ouvindo “as palavras do poeta” vão utilizando recursos poéticos mais significativos nas suas próprias definições. As variantes do exercício podem ser muitas e terão de ter em conta as características do grupo. Foi testado com grupos a partir do segundo ano.
Cristina Taquelim, SOL – Serviço de Orientação de Leitura – Casa da Leitura – Fundação Calouste Gulbenkian