Vaticínio

A pedido das famílias que vivem a todo o gás durante todo o ano, Gémeo Luís dá-lhe gás propano e Eugénio Roda dá-lhe gás butano.

Ano Novo Vida Nova.
Há quem diga que a data nos renova, há quem diga “uma ova!”,
metendo nisso a palavra compromisso.
Entre sinas e vacinas, o tempo está mais para remos do que para rimas:

arruma coa rima e ruma a direito.

Quem te deixou sair, Gata Borralheira?
Vou ao palácio, para o baile real.
Mas agora não há festas!
Ora, é o príncipe…
… vá, assina!
E ela lá assinou e lá seguiu.

Que fazes por aqui, Branca de Neve?
Estamos só a distrair um pouco.
É gente a mais.
Ora, são os meus anões, somos como família…
… vá, assina!
E ela lá assinou e prosseguiu.

João, não é?
Sim sim, vou ao pé de feijão.
Mas não se pode lá ir agora.
Ora, é só subir e já desço…
… vá, assina!
E ele lá assinou e lá subiu.

Vais aonde, Menina das Tranças de Oiro?
Vou ao cabeleireiro dos Três Ursos.
Mas agora está tudo fechado e eles nem lá estão.
Ora, eu entro…
… vá, assina!
E ela lá assinou e avançou.

Capuchinho Vermelho, aonde é a ida?
A casa da minha avó, que está doente.
Mas não se pode atravessar o bosque.
Ora, ela vive sozinha e precisa da merenda…
… vá, assina!
E ela lá assinou e avançou.

Tu, aí, Lobo, aonde julgas que vais?
Vou arrasar a casa aos Três Porquinhos.
Mas as ordens são para ficar em casa, cada um na sua!
Ora, os petizes precisam da história para adormecer…
… vá, assina!

Não não, por mim tudo bem, há um monte de histórias
onde não deito abaixo a casa de ninguém.
E um monte de aventuras no monte onde vivo, onde tudo é assaz interativo.
Para as conhecer, não vos falta quem. Para as contar, peçam a alguém.
Deixem-me em paz, resolvam vocês,
que eu volto para trás.

Texto Eugénio Roda . llustração Gémeo Luís . 23.01.2021